sexta-feira, 30 de maio de 2008

Rilanciare


Eras tu, coragem, mãe dos medos, a plenitude de todos os ímpetos da misteriosa vida.
Contemplava-me a cada dia e noite, a magnitude de minha fraqueza humana!

Eras tal veículo dos fatos, que ao sucesso me conduzia, assim como um vôo a uma Águia-real a destina. Porém, querida coragem, sabias que de tanto despreparado que estava, podias tranqüila reinar na mais íntima profundeza de meu coração.

E assim, a roda da vida girava, sem às vezes nem saber que existias incrustada, como por entre as penas de um pobre alado ser.

Com tal descaso, supria-me de infortúnios e sofrimentos reais, sequer revelando a nua verdade, ainda virgem, por existires. E trazias por existir, um conforto orgulhoso e cheio, apaixonado e caloroso, mesmo não me mostrando tua própria infeliz origem. Vinha de um lugar sombrio tão coexistente ao ser, quanto a sombra é da luz. Tinha tua origem dentro do extremo oposto, o medo. E nestes, camuflavas um menor consciente com um maior inconsciente.

Um pássaro, por instinto de viver, tem a coragem de voar, não tem?

Não fosse por ti, minha amada, não voaríamos para girar a roda da vida, definhando minhas felicidades, falecendo ao ninho.
E não queria que tu tentasses me enganar, dizendo ser fonte do viver, forçando-me a elevar infindáveis barreiras.

Elevei barreiras.
Deixei de voar.
Definhei felicidades.
Não girei a roda da vida.
Faleci.

Foi em meio ao sombrio, que de dentro veio aquela luz, e num instante de paciência surgiu a compreensão. Não és mais sempre tão fundamental quanto achava.
Assim te enxerguei, pequena, uma coragem sofrida e mirrada, desesperada por ainda querer ser parte da existência. Tornastes agora, apenas fragmento da essência real do existir. Deixo-te apenas poupar-me de outros maiores insucessos. Tenho-te comigo guardado ao peito, pois me és valiosa.

Assim, sinto que na verdade,
não há barreiras,
não deixei de voar,
resgatei minhas felicidades,
voltei a girar a roda da vida,
Renasci.





2 comentários:

Max disse...

E eu que entendi umas coisas de esperança, percebi que é preciso coragem pra esperar...
Como eu te falei, o texto tá tão lindo que parece que foi tirado de um livro de poesias.
Você toca.
Abraço!

aline.amartins@hotmail.com disse...

Oi, Vi...
Que lindo isso... não sabia que estava escrevendo... postando no blog...
Também é preciso coragem p/ compartilhar nossos sentimentos, pensamentos, o que nos bota de pé e sai das profundezas do nosso ser...
bjs