Eras tu, coragem, mãe dos medos, a plenitude de todos os ímpetos da misteriosa vida.
Contemplava-me a cada dia e noite, a magnitude de minha fraqueza humana!
Eras tal veículo dos fatos, que ao sucesso me conduzia, assim como um vôo a uma Águia-real a destina. Porém, querida coragem, sabias que de tanto despreparado que estava, podias tranqüila reinar na mais íntima profundeza de meu coração.
E assim, a roda da vida girava, sem às vezes nem saber que existias incrustada, como por entre as penas de um pobre alado ser.
Com tal descaso, supria-me de infortúnios e sofrimentos reais, sequer revelando a nua verdade, ainda virgem, por existires. E trazias por existir, um conforto orgulhoso e cheio, apaixonado e caloroso, mesmo não me mostrando tua própria infeliz origem. Vinha de um lugar sombrio tão coexistente ao ser, quanto a sombra é da luz. Tinha tua origem dentro do extremo oposto, o medo. E nestes, camuflavas um menor consciente com um maior inconsciente.
Um pássaro, por instinto de viver, tem a coragem de voar, não tem?
Não fosse por ti, minha amada, não voaríamos para girar a roda da vida, definhando minhas felicidades, falecendo ao ninho.
E não queria que tu tentasses me enganar, dizendo ser fonte do viver, forçando-me a elevar infindáveis barreiras.
Elevei barreiras.
Deixei de voar.
Definhei felicidades.
Não girei a roda da vida.
Faleci.
Foi em meio ao sombrio, que de dentro veio aquela luz, e num instante de paciência surgiu a compreensão. Não és mais sempre tão fundamental quanto achava.
Assim te enxerguei, pequena, uma coragem sofrida e mirrada, desesperada por ainda querer ser parte da existência. Tornastes agora, apenas fragmento da essência real do existir. Deixo-te apenas poupar-me de outros maiores insucessos. Tenho-te comigo guardado ao peito, pois me és valiosa.
Assim, sinto que na verdade,
não há barreiras,
não deixei de voar,
resgatei minhas felicidades,
voltei a girar a roda da vida,
Renasci.
"Ser alguma coisa definida te limita. Ser nada é se negar. Ser uma não-coisa porém..." Kimio
sexta-feira, 30 de maio de 2008
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2 comentários:
E eu que entendi umas coisas de esperança, percebi que é preciso coragem pra esperar...
Como eu te falei, o texto tá tão lindo que parece que foi tirado de um livro de poesias.
Você toca.
Abraço!
Oi, Vi...
Que lindo isso... não sabia que estava escrevendo... postando no blog...
Também é preciso coragem p/ compartilhar nossos sentimentos, pensamentos, o que nos bota de pé e sai das profundezas do nosso ser...
bjs
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