segunda-feira, 30 de junho de 2008

Mãe!

Ouvindo a vida e refletindo sobre ela a gente fica mais leve, fica mais seguro, apesar de mais etéreo. Sente aquela mão de mãe fazendo cafuné e ao mesmo tempo dizendo: “Filho, vai!” E a gente vai, mas quer voltar, porque cafuné de mãe é a distancia também. A gente sente, mesmo longe, e tem saudades porque quer sentir de pertinho, de verdade. Parece que a mãe tem mesmo um braço tão longo que percorre quilômetros pra um simples carinho. Ela telefona nessa hora, e a gente volta a ser o filhotinho da mamãe! É ou não é, “bicho”?

Somos mais animais do que imaginamos, e mais humanos do que sentimos pelo instinto. Um abraço de mãe é aquele que mesmo quando a gente está zangado, bem no fundinho nos deixa feliz. Não demonstra, porque afinal a mamãe não quer ver um filho tão frágil assim... mas a gente É. E às vezes pensamos que estamos além de qualquer carência materna, mas não estamos... um abraço de mãe vai bem, sim, em qualquer momento! E não importa a mãe, porque foi dela que viemos e dela que aprendemos todo o mistério da vida, que um dia causou medo. Fomos gerados pelo ventre dela, mesmo que tenhamos sido adotados por essa mãe. E ficamos a nossa vida quase toda sofrendo por desilusões amorosas, quando na verdade o que queremos é achar aquela sensação um dia perdida de conforto quentinho e sem peso, quando nadávamos naquele nosso primeiro berço, que nos abrigou e protegeu do mundo.

Sofremos muito com as coisas, sem saber o porquê. E estamos fora daquele minúsculo primeiro contato com as coisas deste mundão tão vasto... Aí nós apelamos por nos enrolarmos no cobertor bem justinho pra ficar bem quentinhos, ou seria pra ficar bem parecido com aquele primeiro berço?

Em dias ruins a gente pensa em ir pra casa, tomar um banho, e deitar na cama, se contrair todo naquele útero de pano, ficar de volta na tal “posição fetal”. Ou então buscamos algo que possa dar prazer, como uma volta com os amigos, um colo de namorada, uma cervejinha no bar, ou o cigarro do silêncio, na tentativa de achar um conforto tão grande quanto àquele que nos deixava tranqüilos. E que além de nos proteger, nos alimentava, nos supria de amor, nos criava.

Muitas vezes a gente queira ficar nessa condição de ter quem fizesse isso tudo pra nós, só pra ficar quietinho, ali, sendo cuidado, tendo atenção, tendo cada um daqueles preciosos segundos dos nove meses voltados só pra nós. Aí você pode pensar: “Nah, eu não sou assim, eu vou atrás do que quero, sou independente!”. Mas também não é verdade que isso tudo é por certo conforto e uma certa vontade de ter essa garantia?

As pessoas desse mundo são assim, carentes de saberem que há, sim, quem os ouça, e que não são sua mãe. Carentes de ter atenção do mundo, por não saberem quem exatamente vai dar essa atenção...

Eu sei que sou bastante assim também. Mas sei que no fundo, meu amor é pela minha mãe, e pelas pessoas que me tratam como um filho, ou como irmão, ou uma pessoa exatamente como elas imaginam que eu seja, um pai, ou nada mais nada menos do que alguém desse mundo, que tem valores e metas e mesmo assim não tem definição, e que sabe disso.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

É assim...

Sair da água pra respirar depois de dar “aquele” mergulho.
O segundo de felicidade em morder um chocolate.
Colocar a blusa quentinha no cinema gelado.
Ir na direção dos objetivos da própria vida.
Saciar toda fome com o prato predileto.
O sentir do abraço de um ente amado.
Sorrir pra foto na reunião de família.
Um pedaço de bolo do aniversário.
O tocar do telefonema esperado.
Cores novas pros olhos do bebê.
O cheiro de pele pro perfume.
As batidas graves pro dançar.
O som da neve pro silêncio.
Despertar pro descansado.
Andar pela falta de pressa.
Conhecimento pra dúvida.
Abrir dos braços pro céu.
Musicar por felicidade.
Valor pro sentimento.
Odor pro perfumista.
Sossego pro cansaço.
Paisagem pro olhar.
Amor pra carência.
Espada pra bainha.
Beijar pro gostar.

Estar em casa.


Colo.
...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Primavera

Tarde da noite, poucas cores no céu, espirrados brancos e tons de poucas nuvens.
Um traço que se fez, assim como se apagou, tão rapidamente que não pensei, contemplei.

Logo, um fervilhar, doce de luz da manhã, se adiantou, por entre idéias não menos malucas quanto a velocidade em que isso se deu.
Mal apagou-se o traço no céu e a razão agora reinava, imperativa e solidária ao sentir.

Folhas verdes no escuro enxergava, como se fosse um minuto pras doze do dia nascente, e dentre tais verdes, alvos raios de sol lancinavam-se ao chão, marcando seus limites e silhuetas, moldadas incansavelmente pelo sereno e abstrato vento.
Um som de cascata me dizia para as folhas do chão me voltar.
Meus ideais por si mesmos crepitavam e pequenos detalhes deles se esvaíam, levados de morno vento.
Gaia, então, quis que água entrasse em palco, assim como novas idéias surgem na mente.
E choveu.
E voaram.
E deram lugar à atenção às próximas gotas que incessantemente desciam à vontade.
Algumas suspeito que não atingiram ao chão.
Outras caíram tão forte que atingiram folhas que voavam, e assim não mais livres ficaram.
Tudo molhou e secou, e logo não mais era necessário imaginar adiantada luz matinal que, agora de fato prendia úmidas folhas que com tempo se libertaram.
Um graveto em meio a um círculo de folhas girantes ao vento me chamou, e não findou minha atenção antes de voltar a chover.
E choveu.
E novamente tudo molhou.

...
Cansei de ver os ciclos de chuva-pensa e sol-pondera, molha-atenta e seca-desapega.

Senti o vento no rosto e a chuva na testa, me lavando mais que o corpo, esvaindo os ardores de não ter pregado os olhos.

Realmente há momentos sagrados, únicos e de mudanças profundas.
E há momentos de gratidão, como o que me domina agora, por ter tido os de tal primavera.

Lua de Prata em Céu de Carvão, obrigado!

Minhas manhãs são de claridão
De alma limpa
De mente espontânea

Tais tardes de não sentir medo
De procurar caminhos
Pro desapego

Ao anoitecer
a mente se cansa
apenas observa
o corpo sente, a alma sente

Todas as noites me purifico

Tenho momentos de escrever livre
E momentos de ser inspirado
respirado
pirado!


Plágio, Cópia, Falta de criatividade, Furto, Captar a Sintonia, tanto faz!
Mas obrigado!

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Tentativa

Hoje eu quis escrever sobre algo que não escrevo. Não escrevo porque é difícil. Não é falta de tentar, nem de palavra. É incapacidade de ver como será esse futuro.

O que vai acontecer:

Não há forma de dizer aquela coisa que está dentro de nós que quer sair gentilmente para um abraço de saudade.

Não existe maneira de escrever um texto que complete aquela sensação de querer encher o peito com um calor que vem de um beijo.

É desconhecido o formato em palavras daquela cor e dos contornos que vibram nos olhos.

A nostalgia não tem adjetivos fiéis.

Presentear pode ser um gesto lindo, delicado, porém não preenche o significado daquela ansiedade que se sente antes de entregar.

Como se descreve a sensação de sentir um cabelo por entre os dedos quando se faz um carinho?

Alguém pode me ajudar a descrever o que acontece ao ouvir tal voz ao pé-do-ouvido?

E quando dá aquele tremor inquietante entre os ombros, pernas, e barriga somente pela lembrança?

E traduzir o momento exato de quando se tem algo à semelhança da perfeição?

É simplesmente único, o momento do sentimento.

É inexplicavelmente mais uno que cada segundo que se passa de nossa vida.

E isso se dá porque cada um desses segundos possui a mesma coisa que não se explica.

domingo, 1 de junho de 2008