sábado, 9 de maio de 2009

Plutão



Alguns dias das nossas vidas são marcantes. Talvez me lembre para sempre de todas as coisas que marcaram esses dias, ou talvez só a sensação.

Um arrepio seco e frio desce pela nuca e se trilha para braços e costas, como uma serpente escamosa por sobre areia quente do deserto... ou um rato à sua garganta.
Como pode uma sensação ser tão abstrata? Não sei. Mas o que sei é que esta abstração provê muitas provas concretas. Concretas como a certeza de se estar a fim de sair nos finais de semana ou não.
Devo estar ficando velho, pois só de pensar em sair para as mesmas situações já sinto o estômago retorcer em reclamação e me ouço agonizar de insatisfação: "Depois eu me pergunto o que estou fazendo lá...".
Talvez esteja em uma fase totalmente diferente do que a vida possa me oferecer, e queira simplesmente ficar na minha, quieto, como quem tristemente viu um gato preto na rua e se assustou, com medo da morte e do azar, e fica pensando sobre a vida e a sorte. Ou alegremente, não sei. E como elas podem ou não ser relativas. Bem... bom, ruim, não faz diferença. Sinto isso quando dói o meu estômago e sei que essa responsabilidade é minha, e que posso escolher melhor a minha situação da próxima vez, seguindo as palavras de um dos caras mais sábios que conheço: "Não entre no mérito da questão, só resolva o problema!"
É melhor ver a graça da sinceridade assertiva, do que a falsa esperança da indecisão sem graça.
A cada dia que passa, as certezas se evidenciam em clarões que iluminam as estradas multifurcadas das escolhas à minha frente. Algumas se mostram com um gato, outras com um clarão dourado, outras vazias, outras com um estômago ulcerado, outras de misturas dessas coisas. E eu sou o tipo de pessoa que não escolhe estradas de tijolinhos dourados só porque é bonita e parece prometer algo interessante, como o seu destino.
Encaro o gato com os olhos cheios, leio seu nome, o Título, e ando em sua direção.