terça-feira, 21 de julho de 2009

Cadarços

Na vida que segue andando sem parar
Andando sem parar por entre as ruas
Sem parar por entre as ruas vazias
Por entre as ruas vazias da vida

Dos pés que dão o próximo passo
O próximo passo que pula os buracos
Pular dos buracos que espalha a poça
Espalhar da poça que molha os pés

A noite que escurece o azul do céu
O escurecer que muda as sombras
Mudar das sombras andando pelas ruas
Escorrer das sombras que faz a noite

Das pernas que levam os braços
Levar dos braços que cuidam do corpo
Cuidado do corpo para continuar amarrado
Amarrado para levar pelas pernas

Em laço de nó atado um dia aprendi a calçar
Um calçado que foi de presente dado
Como o laço aprendido em lição
Para com eles a algum lugar chegar




terça-feira, 7 de julho de 2009

Colheita

Como pode o céu o campo tocar?
Em sombras de nuvens alheias ao enfado
Nem ao menos ao coadunado do anil chegar
Espalhado e vivo, porém inanimado.

Ao ar desanima em não conseguir saltar
E morros que se flecham, quebram o cimo
Quando de distante ao alvo, pretendem delinear
Um entre, que no fim, se morde e morre em desatino

Por isso que olho e sinto que, do lado de lá
Abaixo do vento pelas planícies corredio
Há que saber que da margem de cá
Não há intento chuvoso ou sombrio

Das alturas não consegue a planta me atingir
Ou do chão esforço pouco da semente vejo
Irrigado por orvalho meu, não quis à muda omitir
Ou negar reluzente alcance de teu desejo.