domingo, 15 de maio de 2011

Desejo de Presente

A casa arrumada não reflete meu estado de espírito. Não porque contém ordem, mas porque não é a ordem certa.
Olho para o banheiro, de porta entreaberta, e vejo a toalha com o vento. Apesar disso, parece pesada e cinza, mas é, na verdade, amarela.
Abro a janela do quarto e por costume dos dias espero a luz do sol entrar. Quero sentir o sol. Só não quero naquele ângulo.
Deixo-me escutar pela próxima vontade pura, daquelas que ouço com a cabeça tranquila. À sala coloco meu artista favorito para tocar. Parece que um dos instrumentos foi exterminado de cada uma de todas as músicas! E de todos os álbuns desse artista! E de todos os artistas! É como... voz sem espaço.
Resolvo aquietar o ânimo e me decido por uma água. O copo acaba, mas a sede ainda é do tamanho do copo. E depois de mais um, percebo que não diminui.
Paro, ando, chego ao sofá.
Espero o pensamento aflito acabar, mesmo sabendo que estou assim.
Congelo cada músculo até ter todo o turbilhão interiorizado.
Noto então que não percebi que estou de olhos fechados e que o que vejo não é aqui.
A cor não se faz aos olhos.
O anseio tem outro endereço.
O físico já sente como se estivesse lá.
A lembrança do movimento se faz como que depois de ido 1 ano inteiro.

Quando volto, tenho saudade.
Vou viajar.