domingo, 9 de setembro de 2012

O dia de hoje

Hoje é um ótimo dia para escrever um obituário.
Ar parado. Tempo quente. Sons distantes. Pessoas próximas distantes e as distantes mais distantes ainda. Quietude da alma. Invencibilidade.
Um equilíbrio retomado como se nunca tivesse atingido esse ponto antes, pseudo-falso. Assim como a loucura da loucura que quase nos deixa normais de novo...
Não há volta. Não há reviver.
O tempo só vai. O tempo só, vai.
E a sensação de tudo que queria ter feito fica mais viva do que de tudo que de fato fiz. E o que fiz fica como lembrança perdida esvanecendo na tepidez da memória.
Cada agora é pra ser agora. Não serve para amanhã ou para ontem. O ontem serve ao agora. O amanhã serve ao agora. Porque o próprio a si não serviria?
Hoje é um bom dia pra se escrever um obituário. Obituário do agora, do hoje, obituário do corrente, do que acaba por ser o agora a cada instante, e que se vai para sempre, na morte eterna para que o próximo chegue, sempre como sempre faz.
Cada instante abre o próximo e se fecha em cortesia a este que o segue.
Tudo que acaba começa algo em seu lugar.

Te vejo do outro lado, certo?
Até o próximo texto



terça-feira, 4 de setembro de 2012

Passo marcado

Na escuridão de meus pensamentos serpenteia uma lembrança de uma noite fria, azul e impalpável. Como se fosse uma névoa preenchida com murmúrios gelados de uma palavra ríspida, sigilosa.
Noite seguinte ao crepitar das velas que apaguei após um vinho degustar só para ponderar sem emoção o que tanto necessitava discernir. Dividir as coisas entre cabeça e coração, taça e vinho, pavio e vela, faísca e cinza.
Não entendo essa necessidade sua do distante.
Não entendo essa forma estranha de passar.
Não quero entender como pode ser tão independente de mim, tempo.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Dor conta!

Sentimos...
Me sinto só,
sem tinos.
Sem ti, nós!