domingo, 9 de setembro de 2012

O dia de hoje

Hoje é um ótimo dia para escrever um obituário.
Ar parado. Tempo quente. Sons distantes. Pessoas próximas distantes e as distantes mais distantes ainda. Quietude da alma. Invencibilidade.
Um equilíbrio retomado como se nunca tivesse atingido esse ponto antes, pseudo-falso. Assim como a loucura da loucura que quase nos deixa normais de novo...
Não há volta. Não há reviver.
O tempo só vai. O tempo só, vai.
E a sensação de tudo que queria ter feito fica mais viva do que de tudo que de fato fiz. E o que fiz fica como lembrança perdida esvanecendo na tepidez da memória.
Cada agora é pra ser agora. Não serve para amanhã ou para ontem. O ontem serve ao agora. O amanhã serve ao agora. Porque o próprio a si não serviria?
Hoje é um bom dia pra se escrever um obituário. Obituário do agora, do hoje, obituário do corrente, do que acaba por ser o agora a cada instante, e que se vai para sempre, na morte eterna para que o próximo chegue, sempre como sempre faz.
Cada instante abre o próximo e se fecha em cortesia a este que o segue.
Tudo que acaba começa algo em seu lugar.

Te vejo do outro lado, certo?
Até o próximo texto



2 comentários:

Rubia disse...

Prenúncio?

Ilana Kenne disse...

Esse foi um obituário do blog? Ei, não pare de escrever! Nunca!